segunda-feira, 6 de maio de 2013

Um pouco de Empreendedorismo e Empreendedorismo Social

Esta semana eu fui ao "Choice Day", que é um evento de divulgação do empreendedorismo social, um assunto que me interesso bastante. O Choice é um movimento com o objetivo de divulgar a possibilidade de criar e trabalhar em negócios sociais. Ele funciona como um braço da Artemisia, uma ONG que orienta e acelera negócios sociais.

Choice tem o slogan: mudar o mundo começa com a sua escolha.

O tema do evento era "Negócios Sociais em Educação", é por isso que estou escrevendo sobre ele aqui. O que nós fizemos foi uma dinâmica sobre dados da educação no Brasil, depois elaboramos ideias de empresas sociais no ramo da educação e no final avaliamos essas ideias: os participantes estavam divididos em empreendedor e investidor.

O material usado era muito bom, havia dicas para os empreendedores e investidores pensarem de maneira mais estruturada, modelos para os empreendedores preencherem e reduzir as falhas em seus projetos. Cada equipe recebeu desafios específicos: Educação de Jovens e Adultos (EJA), Formação de Professores e Participação da Comunidade. Temas que quem não é do ramo da educação dificilmente conhece e sabe a importância, posso falar sobre eles depois se vocês quiserem. Eu gostei muito da experiência, da motivação dos monitores e do trabalho da Artemisia. Estão de parabéns. Mais para frente eu vou querer estudar e estar mais em contato com esse ramo.

Apesar de haver poucos engenheiros entre os participantes, o engraçado foi que as ideias de todas as equipes tinham como produto um website. Acho engraçado porque parece que hoje a Internet se mostra como um meio para a solução de tudo. Eu, vindo de um mestrado em "Informática aplicada à Educação", estou em uma fase que a computação/informática só vai ajudar mesmo a educação quando for usada de maneira inovadora, e não para digitalizar os mesmos processos educacionais tradicionais (vejam um vídeo sobre esse assunto).

De qualquer forma, preciso relacionar este artigo com o tema do blog. Vou fazer isso de duas formas: primeiro vou falar de empreendedorismo e empreendedorismo social, e depois vou falar de profissionalismo na educação (que tratarei em outro artigo).

Empreendedorismo nos Cursos de Engenharia

Empreendedorismo está em alta hoje em dia. Esse é um produto de vários fatores, dos quais destaco: perfil da geração Y, crise financeira mundial, crescimento exponencial das oportunidades da Internet. Muitos engenheiros se identificam com a carreira, eu inclusive tenho vários amigos empreendedores. Para citar um caso, vejam o Empreendemia.

Rede social para negócios é produto de trabalho árduo de engenheiros.

Engenheiros, para serem empreendedores geralmente têm que estudar muito, fora da faculdade. Apesar de vários conceitos de engenharia ajudarem empreendedores, o que é ensinado nos cursos de engenharia em geral está muito longe do que os empreendedores precisam. Formas diferentes de pensar, criatividade, comunicação, dinamismo, e várias outras habilidades não-técnicas essenciais para o empreendedor (importantes para o engenheiro), não são consideradas nos cursos.

Por isso eu defendo uma reformulação dos cursos de engenharia (e outros também) de forma a incluírem em seus currículos e em suas avaliações essas habilidades. Precisamos ter mais cursos de criatividade, inovação, perseverança, etc. Não defendo cursos sobre esses assuntos usando os mesmos moldes dos cursos de hoje.  Precisamos de cursos diferentes, que engajam alunos e professores a desenvolverem essas habilidades.

Sobre esse assunto eu gostaria muito de ouvir a opinião de vocês. Principalmente aqueles que enfrentam a carreira de empreendedor. Minha opinião de fora do ramo é muito diferente da de vocês?

Empreendedorismo Social nos Cursos de Engenharia

Um assunto um pouco mais delicado, e que para mim é muito importante hoje, é o empreendedorismo social e como ele poderia ser abordado em cursos de engenharia. Um empreendedor social precisa de todas as habilidades de um empreendedor comum, além de várias outras. A consideração dessas habilidades específicas para o empreendedor social está ainda mais longe da realidade dos cursos de engenharia.

Talvez nem seja uma habilidade, mas eu gostaria de destacar uma característica dos empreendedores sociais que não é tratada na faculdade: a "sensibilidade social". Por sensibilidade social eu quero dizer a consciência de que a vida será melhor para todos se nossas ações (e empreendimentos) trabalharem na direção de uma sociedade mais justa/igualitária. Essa ideia vai contra muita coisa que as pessoas normalmente acreditam, ela envolve valores profundo nas almas das pessoas e precisa de coragem para assumir. Eu defendo que a sensibilidade social seja sim abordada nos cursos de engenharia, possivelmente associada a empreendedorismo. Acredito inclusive que muita gente seja contra isso. Você é contra? Gostaria de saber a sua opinião.

Isso depende muito dos objetivos de uma instituição (seja universidade ou instituto/faculdade) e do curso. No meu caso defendo objetivos que ajudem a formar pessoas integrais, além de engenheiros e empreendedores. E para isso, a sensibilidade social é muito importante. Gostaria de cursos de engenharia ajudando a desenvolver criatividade, empreendedorismo, pensamento crítico e também visão geral do mundo, consciência das ações pessoais e das empresas. E porque não responsabilidade de mudar o mundo para melhor? (e para todos).

4 comentários:

  1. Danilo, acho muito bacana essa ideia de incluir essas "habilidades" no currículo de engenharia. Mas para cogitar isso, deveríamos pensar antes em como não afetar negativamente as disciplinas existentes (e sem ampliar a carga horária do curso). Solucionando isso, abrimos espaço para uma Universidade 3.0 (hehehehe), que seja mais interdisciplinar (ou "inter-habilidades").
    Já com relação à "sensibilidade social" acho extremamente válida e relativamente simples de se implementar (bastaria que um professor, por exemplo o da disciplina de empreendedorismo, desse esse viés). Porém, essa é minha opinião agora, alguns anos depois de formado, pois quando estava no quinto ano, eu gostava do viés mais voltado para o mercado de trabalho. Portanto, acredito que o problema possa estar relacionado mais à decepção dos alunos. Aí não poderia ser "qualquer professor" para mostrar a importância desse viés social, né?

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  2. Sim, a implementação das ideias que comentei deve levar tudo isso em conta. Acredito que uma Universidade nova (3.0), com disciplinas mais focadas em competências e menos em conteúdos seja uma forma bem interessante de fazer isso.

    É possível incluir a "sensibilidade social" em uma disciplina, caso seja desejo do professor, que sim deve ser bastante engajado. Mas também é possível fazer algo ainda mais abrangente, com penetração no curso inteiro (o que eu acho desejável). A decepção dos alunos pode vir de vários motivos, acredito que seja mais fácil em um primeiro momento reduzí-la com cursos mais interessantes. Um passo seguinte poderia ser conduzir os alunos a uma sensibilidade social ao longo do curso inteiro, para que quando chegarem ao mercado de trabalho e virem o monte de injustiças que ocorre, se decepcionem (minha opinião talvez polêmica).

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  3. Prezados Senhores

    Solicito conhecer e divulgar o tema "Estratégias Oceano Azul aplicados em projetos de engenharia".

    Apresento projeto de automação ferroviária e de energia solar com motogeraores stirling

    Material está disponível no site:

    http://sptorgg.wix.com/mooc-ped

    Atenciosamente

    Prof. Sérgio Pin Tor

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  4. Olá Sérgio,

    Obrigado pela sugestão. Li alguns materiais do site que sugeriu e achei interessante. Mais tarde escreverei um artigo sobre o projeto.

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